Muita coisa mudou no quesito vestimenta nas últimas décadas. Hoje mulheres podem usar muitas roupas antes designadas apenas aos homens sem ter grandes problemas com isso. O inverso é verdadeiro? Não muito. Menos ainda quando se trata delingeries femininas sendo usadas por homens. Torceu o nariz ao ler isso? Pois saiba que isso não só acontece, como é mais comum do que se imagina. E não se trata de orientação sexual ou identidade de gênero. É o “crossdressing”.
Na Austrália uma empresa especializada em “lingeries elegantes” para homens está tendo que expandir seus negócios online para poder atender a demanda cada vez maior em busca dessas peças intimas “diferenciadas”.
Chamada “HommeMystere”, a marca oferece peças com rendas e seda e calcinhas tipo tanguinha. Foi criada em 2008, quando Brent e Lara Krause perceberam que havia pouquíssimas opções para homens com esse fetiche. Além disso, até então os caras tinham que comprar suas peças em lojas de mulher, mas agora eles já sabem exatamente a onde ir, além de encontrarem peças com design “feminino”, mas feito para se adaptar ao corpo masculino. Hoje a empresa já entrega em mais de 30 países, incluindo Rússia, Canada e América – que responde por 40% das vendas da marca.
Nas imagens de divulgação da marca aparece um homem ao lado de uma mulher, o que pode confundir muita gente, que assume logo de cara que um homem que compra lingerie feminina é gay. Errado. Um questionário aplicado aos clientes da HommeMystere revelou que 90% dos clientes estavam em uma relação heterossexual. “Não nos importamos se você é gay, hétero, vegetariano, republicano, anglicano, marciano ou qualquer tipo de convicção. Nós só queremos desenhar e fabricar lingeries atrativas e de luxo para homens”, explicou Mr. Krause.
Ele, aliás, é um adepto da prática e conta em seu blog sobre a culpa que muitos homens sentem por terem escolhido usar lingerie, e espera que sua empresa continue lutando contra estereótipos sobre o que os homens podem ou não podem usar.
Pode parecer confuso, e é um pouco mesmo, mas crossdressing é diferente de transexualidade e drag queens. Segundo um material sobre identidade de gênero elaborado por Jaqueline Gomes de Jesus, doutora em Psicologia pela Universidade de Brasília, enquanto a transexualidade é uma questão de identidade – o transexual se identifica como do sexo oposto ao dele – o crossdresser sente-se como pertencente ao gênero que lhes foi atribuído ao nascimento, mas frequentemente se veste, usa acessórios ou se maquia de maneira diferente daquela socialmente estabelecida para o seu gênero, sem se identificar como travesti ou transexual. Já os transformistas ou drag queens são artistas que se vestem, de maneira estereotipada, conforme o gênero masculino ou feminino, para fins artísticos, apresentações etc. Nenhuma dessas definições, no entanto, define orientação sexual. Nem toda mulher transexual vai se relacionar sexualmente com homens, nem todo crossdresser é gay (a maioria dos crossdressers, aliás, é homem hétero) e assim por diante.
Via: http://juliapetit.com.br/moda/aumenta-busca-de-lingeries-masculinas-pratica-e-conhecida-como-cross-dressing
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