Espartilho, espartilho meu

13 dezembro, 2012


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Numa época em que nem se sonhava com a criação do sutiã como conhecemos hoje, o espartilho era um item quase essencial para as elegantes de outrora. O item viajou pelos séculos e hoje é visto como um símbolo de feminilidade e poder.

O espartilho, ou corset, surgiu como uma roupa de baixo cujo objetivo era modelar o corpo feminino, afinando a cintura, sustentando os seios e diminuindo as gordurinhas indesejáveis. Suas origens remontam ao século XVI, mas já na Idade Média havia mulheres que usavam faixas de tecido para comprimir as sobrinhas na silhueta e manter tudo no lugar.

O espartilho é composto por pelo menos uma camada de tecido, que pode ser sarja, algodão etc, o busc, que consiste em um reforço na parte anterior, barbatanas, que são os reforços que mantêm a peça rija e ilhoses para fechar. No princípio, os materiais usados para sua confecção poderiam ser couro, junco, corda engomada, madeira e até marfim.

Além das funções anatômicas, o espartilho prolongava a vida útil das roupas. Pense você que no século XVI ainda não havia fábricas, muito menos máquinas de costura. As roupas, portanto, além de difíceis de fazer, eram caríssimas. Era comum que fossem deixadas no testamento para as gerações posteriores.

Durante a Renascença, a modelagem do espartilho mudou, deixando a cintura mais baixa e privilegiando as curvas femininas. Nessa época, os modelos com alças tornaram-se mais populares.

Com o passar do tempo, o espartilho foi caindo em desuso. Durante o período neoclássico – de meados do século XVIII ao final do século XIX – o ideal de beleza era bem mais natural, rejeitando o aperta e estica dos corsets. Passada a moda, os espartilhos voltaram mais apertados do que nunca!

Durante a era Vitoriana – de 1837 a 1901 – apareceram os modelos com ilhoses, que modelavam uma cintura ainda mais fina e fizeram com que muitos médicos perdessem sono, preocupados com problemas tais quais o perfuramento de órgãos internos e atrofia muscular.

E se engana quem pensa que a peça sempre foi de uso exclusivo feminino. Há registros históricos de dândis – os homens elegantes ingleses contemporâneos do escritor Oscar Wilde – que para obterem efeito de peito estufado e cintura fina sem fazer muito esforço, lançavam mão de uma versão masculina do espartilho.

Nos anos 1910, com florescimento da Belle Époque, entrou em voga a silhueta S, que exigia peito estufado e bumbum arrebitado. Para suprir mais esse desejo feminino, surge um modelo de espartilho que não comprime tanto o ventre, mas o empurra para frente, o chamado “espartilho orgânico”. O derrière era recauchutado com armações chamadas de anquinhas – seriam as modelos da Belle Époque as primeiras popozudas?

A partir do século XX, o espartilho começa a ser visto como um símbolo de opressão feminina. É nesse contexto que surgem criadores de moda tais como Paul Poiret e Coco Chanel, que sugerem um vestir que permitisse maior movimentação a mulher. Os movimentos feministas e sufragistas também contribuíram para que a peça caísse em desuso. Estilistas contemporâneos, como Vivienne Westwood e Jean Paul Gaultier trouxeram o espartilho de volta à baila, mas agora, por cima da roupa e em versões mais confortáveis. Hoje, a peça, símbolo de fetiche, é desejo de muitas mulheres – e muitos marmanjos – e aparece frequentemente, um tanto mais democratizada, usada por artistas como Madonnas e Paula Fernandes.

E você? Já desejou um espartilho para chamar de seu?

[via: alllingerie]


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