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Calendário de moda: entenda as mudanças que estão redefinindo as tendências

18 novembro, 2016


5 min (tempo estimado de leitura)

O mundo da moda se transforma constantemente – disso todo mundo sabe. Mas o que as pessoas estão percebendo há pouco tempo é que a forma de consumir moda – assim como a forma de consumir vídeos e música – também mudou com as novas regras do “See now, buy now” (Compre Agora).

Esse modelo permite que o consumidor tenha controle sobre o que está sendo criado e mostrado nas passarelas, já que peças que caem no gosto do consumidor instantaneamente serão produzidas em grandes quantidades e, provavelmente, recriadas ao longo do tempo. Entenda por que:

A era digital

Modelos desfilando em fila na passarela

Desfile Ralph Lauren. Imagem: FFW

A geração do “Eu quero o que eu quero quando eu quero” é a geração do imediatismo, das redes sociais, da conexão rápida. Quando se fala de consumir moda, não se pode mais esperar 6 meses para consumir o que é visto nas passarelas de moda por meio das lentes das influenciadoras e dos influenciadores digitais.

Cada vez mais, vemos as semanas de moda com seus grandes e surpreendentes desfiles sendo transmitidos em tempo real via Snapchat, Instagram e vlogs postados no YouTube, além de coberturas completas feitas por blogueiras de moda e portais digitais.

Nesse cenário, pessoas comuns se tornaram transmissores da informação de moda para o mundo inteiro, no mesmo minuto em que a informação surge.

O novo calendário da moda

Se antes o consumidor tinha uma ideia do que as tendências da moda (seja ela de alta costura ou lingerie) trariam na próxima estação, as mudanças no calendário de moda fazem com que essas tendências não mais tenham tempo de se tornar tendências por muito tempo, de serem descobertas aos poucos e de surgirem de uma forma mais lenta.

Uma tendência de moda que se confirma em um desfile já passa a ser aguardada ansiosamente pelo público que espera a venda das peças em questão. Contando com isso e com a avalanche de informação a que temos acesso atualmente em todos os canais digitais, não será mais possível que as marcas levem às lojas o que foi desfilado há 6 meses atrás.

Se isso acontecer, a vontade de comprar do consumidor já terá diminuído e será necessário gastar mais dinheiro em publicidade para fazer com que essas pessoas lembrem do que as havia sensibilizado durante a semana de moda que passou.

O Brasil também está inserido neste cenário e entrou na onda das mudanças mundiais anunciando a troca da data do São Paulo Fashion Week, que acontece atualmente nos meses de abril e novembro para os meses de fevereiro e julho.

Com essas novas datas, as coleções de verão estarão disponíveis para compra um pouco antes do início do verão e as coleções de inverno um pouco antes do início da temporada mais fria do ano.

O impacto mundial

O imediatismo da nova cultura centrada no consumidor emocional tem grande impacto na cadeia produtiva da indústria da moda, envolvendo fornecedores e compradores na garantia de que o produto visto no desfile seja o mesmo vendido nas lojas.

Modelos desfilando em fila na passarela

Desfile Schoulder New York 2017. Imagem: FFW

Como a grande maioria das marcas que promovem desfiles atua de forma global, não fará mais sentido apresentar coleções de verão e inverno, masculino e feminino de modo separado. Tudo deverá ser apresentado ao mesmo tempo e disponibilizado ao consumidor final o quanto antes.

Dentro desse contexto de mudanças, a indústria da moda ainda está em fase de grande experimentação. Os designers estão trabalhando em possíveis soluções para atender o mercado com o novo calendário de moda sem perder o processo criativo.

Marcas como Burberry e Tom Ford foram algumas das primeiras a sentirem as mudanças no calendário da moda e o modo “See now, buy now” traz um grande risco financeiro às empresas, já que exige uma grande quantidade de estoque pré-determinado, sem a garantia da venda propriamente dita.

Essa antecipação será especialmente difícil para marcas jovens que não tem tanta folga para arriscar e antecipar grandes quantias de dinheiro dessa forma. Nesse contexto, outro problema estaria no pouco tempo hábil para a criação de coleções, visto que é preciso produzir peças de desfile e peças regulares.

E você, o que acha dessa nova forma de consumir moda? Como a sua empresa se coloca dentro deste contexto? Deixe a sua opinião nos comentários e nos ajude a enriquecer a discussão sobre este assunto!


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