A matéria-prima mais conhecida para fazer tecidos é o algodão, essa você com certeza já conhece. Além dele, existe, o linho, a viscose, a lã e até as fibras químicas, desenvolvidas sinteticamente. Mas na matéria de hoje, vamos falar sobre os materiais têxteis que são criados a partir de seres-vivos, que não são nem plantas, nem animais, mas sim: bactérias!
As bactérias dão origem a biofilmes, pigmentos, materiais e tecidos de nanocelulose com baixa emissão de carbono. Por isso, os materiais que são desenvolvidos dessa maneira são muito mais sustentáveis, tornando as bactérias uma matéria-prima do futuro.
Pensando nisso, essa matéria de blog vai destacar essa tendência do futuro, seus benefícios e alguns exemplos práticos, além de discutir quais serão as novas oportunidades para o universo da moda com essas mudanças. Também é importante ressaltarmos aqui a importância da gestão responsável de resíduos, do investimento em start-ups de biotecnologia e da transparência na comunicação sobre materiais biobaseados. Então, vamos lá!
Inovação e sustentabilidade com materiais têxteis de bactérias, no relatório da WGSN!
Para embasar nossa matéria, estamos utilizando pesquisas da WGSN. Se você já acompanha nosso blog, com certeza já conhece. Mas se você é novo por aqui, a WGSN trata-se de uma das principais empresas de previsão e análise de mercado, principalmente para o universo da moda. Com diversas pesquisas, essa ferramenta nos auxilia a identificar as novidades e tendências que farão sucesso nas próximas estações.
Hoje falaremos sobre a pesquisa de tendências que diz respeito a inovação e sustentabilidade, dois pilares muito importantes para se atentar! Então, vamos entender como as bactérias e a biotecnologia podem transformar a produção de tecidos de uma maneira muito sustentável.
O mais essencial para o futuro: moda com materiais sustentáveis!
De uma maneira mais ampla, a sustentabilidade é uma das principais tendências em praticamente todos os setores, que só tende a crescer. Portanto, pensando no universo da moda, os tecidos que utilizam bactérias são uma ótima alternativa para essa tendência e para o meio ambiente. Por isso, vamos explicar melhor esse contexto.
O mercado global de biotecnologia está em crescimento, com previsão de atingir US$ 3,21 trilhões em 2030. Nesse sentido, as bactérias estão sendo utilizadas como matéria-prima para criar produtos inovadores e sustentáveis. Isso envolve tanto tecidos, quanto couro e pigmentos. E esse processo é feito com baixa emissão de carbono, o que torna ele muito relevante.
Algumas empresas e marcas que estão aderindo essa prática:
Empresas como a Polybion estão produzindo nanocelulose a partir de bactérias, com uma fábrica abastecida por energia solar no México. Esse material, chamado de Celium, fica semelhante ao couro, e é produzido por bactérias alimentadas com resíduos de frutas. Além disso, essa opção é livre de plástico e ambientalmente amigável, com baixa produção de resíduos e sem liberação de substâncias nocivas. Inclusive, a marca GANNI usou esse material em um blazer apresentado no Global Fashion Summit de 2023, em Copenhague. Chique, né?
Um outro exemplo é a start-up turca GOZEN que desenvolveu um material chamado LUNAFORM. Para isso, microorganismos criam padrões ultra-cristalinos e vai se formando um material 3D – um processo que conta com a ajuda de agentes naturais. Essas inovações destacam o potencial dos biomateriais sustentáveis em diversas aplicações industriais e já apareceram em roupas do desfile da Balenciaga durante a Paris Fashion Week 2023.
Cores para materiais têxteis produzidas por bactérias:
Além de tecidos, novas cores também podem ser produzidas a partir das bactérias. E para melhorar, esses pigmentos dispensam os aditivos químicos e consomem muito menos água do que os processos convencionais de tingimento.
Um exemplo disso é a coleção Design to Fade da Puma. Isso porque ela foi produzida com a tecnologia Living Colour, da Kukka – uma empresa da Holanda que usa enzimas de plantas e bactérias para criar pigmentos roxos, azuis, rosas e verdes de baixo impacto ambiental.
Biotecnologia nos materiais têxteis de bactérias: tecidos de bem-estar
Tecidos de bem-estar utilizam biotecnologia para oferecer benefícios à pele através dos micro-organismos, que são “ativados” pelo suor. Nesse caso, sua roupa terá propriedades desodorizantes, probióticas e celulares, e tudo isso ajuda a manter a pele saudável e protegida.
Essa alternativa também surge em resposta ao aumento das temperaturas e às preocupações com a proteção da pele. Isso porque essas roupas são capazes de alertar os usuários em caso de exposição extrema à poluição do CO2 ou aos raios UV.
Chip “plugado” na pele e mais inovações à base de bactérias
O relatório da WGSN também aponta o desenvolvimento, em fase de pesquisa ainda, de biofilmes que convertem o suor em energia. Isso mesmo: em algum mundo não muito distante, o seu suor está carregando o seu celular.
Um exemplo prático é o biofilme à base de bactérias desenvolvido pela University of Massachusetts Amherst (EUA). A eletricidade é gerada por ele através do suor e pode alimentar os dispositivos vestíveis, implantados no corpo.
Desafios e oportunidades da indústria de materiais têxteis de bactérias
A adoção de materiais biobaseados na indústria têxtil é uma oportunidade cheia de benefícios, mas que também enfrenta desafios. Por exemplo, o desenvolvimento a partir de bactérias é complexo e demorado. Além disso, a demanda por esses materiais supera a oferta, e algumas inovações levam décadas para atingir o mercado.
Nesse sentido, identificar parceiros estratégicos, como empresas que oferecem ou que buscam aderir essas práticas, e investir em start-ups de biotecnologia são passos interessantes para impulsionar a inovação e lidar com esses obstáculos. Dessa forma, ajudamos na criação de soluções sustentáveis e viáveis para o setor da moda!
Transparência e comunicação sustentável
Por fim, aqui falamos de um aspecto imprescindível: uma comunicação transparente. Comunicar a verdade, educando o público sobre esses materiais é fundamental para evitar práticas de greenwashing – quando marcas criam uma falsa aparência de serem sustentáveis. Assim, é possível garantir que essas alternativas sejam verdadeiramente mais verdes.
Portanto, as empresas devem ser claras e honestas sobre os prós e contras dos materiais biobaseados, destacando tanto seus benefícios ambientais e desafios ainda presentes em sua produção e uso. Isso inclui detalhar as fontes dos materiais, processos de produção, e comparações de impacto ambiental com materiais convencionais. Porque comunicar de forma transparente não só fortalece a confiança do consumidor, mas também ajuda os consumidores a fazerem escolhas conscientes e informadas.
Chegamos ao fim dessa matéria! Agora você já conhece algumas tecnologias recentes que se mostram cada vez mais relevantes e inovadoras, além de seus diversos benefícios e oportunidades no setor da moda. Esperamos que tenha gostado!
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